Carnaval de Torres Vedras
Registado no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial Nacional, o Carnaval de Torres Vedras é uma festividade de cariz urbano, baseada num conjunto de manifestações sociais, performativas e rituais, que os torrienses reconhecem como fazendo parte integrante do seu património cultural.
O Carnaval é uma manifestação social, performativa e ritual protagonizada por toda a comunidade, transmitida e recriada de geração em geração, independentemente da proveniência geográfica (meio urbano ou rural), do género ou da idade.
O Carnaval de Torres Vedras revela características tipicamente urbanas – provenientes de uma elite local republicana e de um grupo social comercial e industrial emergente, que no início do século XX introduziu o corso, os carros alegóricos, as batalhas de flores e os Reis do Carnaval (influenciado pelas tradições carnavalescas francesas e italianas).
Simultaneamente, apresenta alguns vestígios do entrudo rural, designadamente a queima do entrudo na quarta-feira de cinzas.
O Carnaval de Torres Vedras festeja-se nas ruas da Cidade e estende-se, atualmente, por seis dias. A sua singularidade assenta nas seguintes características:
- O Rei e a Rainha do Carnaval, com os seus símbolos
Dois homens da comunidade são selecionados para desempenharem o papel de Rei e de Rainha do Carnaval de Torres Vedras, assim como os seus símbolos, que persistem desde o início do século XX.
- A existência de uma "dinastia" Régia
Existe uma dinastia dos títulos dos reis. Os títulos mudam anualmente (mesmo que o reinado dure mais tempo), satirizando assuntos mediáticos contemporâneos.
A linhagem real teve início em 1923, ainda sem rainha. Em 1924, os monarcas foram representados por Álvaro André de Brito (Rei) e Jaime Alves (Rainha).
- A Matrafona como fenómeno social e coletivo
A tradição dos homens da comunidade se vestirem de matrafona verifica-se desde o início do século XX. Um fenómeno social coletivo e intergeracional que se traduz numa afirmação identitária da comunidade, transmitida e veiculada de geração em geração.
- A chegada dos Reis à estação ferroviária e a entrega das chaves da cidade
A chegada dos Reis do Carnaval e a sua entronização tem início na estação ferroviária de Torres Vedras, culminando na entrega das chaves da cidade aos Reis pela presidente da Câmara Municipal.
- O envolvimento da comunidade
O envolvimento e a participação da comunidade na produção da festa caracterizam-se pela forte participação das associações carnavalescas e dos foliões, pelo investimento na preparação das máscaras e pelo reforço de redes de sociabilidade no seio dos grupos e da comunidade.
O Carnaval de Torres Vedras caracteriza-se pela participação de associações carnavalescas (grupos com estrutura formal que estão envolvidos, de forma direta ou indireta, na sua produção ou reprodução) e de outros elementos da comunidade que se envolvem autonomamente e participam nos festejos carnavalescos. Atualmente existem seis associações carnavalescas:
- Associação Carnavalesca As Marias Cachuchas
- Associação Ministros & Matrafonas
- Fidalgos do Carnaval de Torres Vedras
- Lúmbias Grupo Carnavalesco
- Real Confraria do Carnaval de Torres
- SacÁdegas - Associação Carnavalesca
Existem, ainda, cerca de 40 grupos de mascarados que, tal como as associações carnavalescas, se organizam de forma voluntária e participam no Carnaval de Torres Vedras.
Fonte: Registo do Carnaval de Torres Vedras no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial